domingo, 16 de dezembro de 2012

Haiku


Hoje conheci 
a pessoa mais triste do mundo.
Ela sorriu.
domingo, 7 de outubro de 2012

Em busca de quê?


Quando sonhar já não supre, socorra-te. Grite por si mesmo (e tente não se perder). Porque o sonho, veja bem, é um espécie de bicho. Bicho este que cresce e ilude. Dá forças inimagináveis para manter o rumo. Mas não te conta sobre a queda. No entanto, àqueles que fogem de seus próprios sonhos não entendem a beleza de se desiludir. Não é hipocrisia barata (será?). É simples ver mas difícil de acreditar: para respirar é preciso ter um objetivo. O mesmo ocorre em nossas histórias: para viver é preciso ter um sonho. Não tem que ser doce demais ou amargo de menos. Tem que ser sonho. Daqueles que se encontra de supetão. Olhando nos olhos e assustando-se com algo tão seu. É tanta semelhança que chega a dar arrepios. Mas o anseio de sonhar é maior do que qualquer medo. Essa é a vantagem de se compreender que onde há luz também há sombra: aprende-se a conviver com o obscuro de se sonhar. Talvez seja apenas isso: uma repetição eterna das mesmas palavras, das mesmas histórias, dos mesmos monstros...Tenha força para olhá-los nos olhos, caro amigo. Vale a pena levar tombos, se após isso tua reação for limpar os joelhos e buscar um novo rumo. Agora dê-me licença pois vou encontrar com meu monstro, ops, sonho.
sexta-feira, 13 de julho de 2012

Deus segundo Spinoza



"Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?
Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.
Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste
comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

sábado, 7 de julho de 2012

Literalmente

Hoje é dia de Rascunho, caros leitores!
Primeiro: O Rascunho é um jornal paranaense sobre literatura, senhores. Eu, como leitora assídua, me senti traindo o blog sem colocar sequer uma novidade sobre essa maravilha que acompanho. Tenho certeza que vocês adorarão (conto com a possibilidade de gostarem, no mínimo, de literatura crítica).
"Ah, mas você vai postar trezentos tipos de textos aqui?"...Não! Hoje trago-lhes algo mais rápido e, na minha mera opinião, mais eficaz do que muitas palavras bem escritas (ou digitadas, no caso).
Sem mais delongas, eis aqui a genialidade de Marco Jacobsen:














domingo, 24 de junho de 2012

Miranda July



Olá, Literatos!
Hoje sairei da rotina. Que tal?
Vamos falar um pouco sobre uma escritora, dramaturga, cineasta, atriz e musicista de mão cheia: Miranda July




Uma das produções da artista é  Eu, você e todos nós, uma comédia dramática que, além de produzida, é também estrelada por Miranda. Assistam ao trailer:


Outra obra muito interessante, também de sua autoria, é o livro É claro que você sabe do que estou falando. A obra reúne dezesseis contos sobre o cotidiano (ouso comparar com o estilo de Clarice ao escrever Felicidade Clandestina). A excentricidade cai como uma luva ao livro, combinando com o título um tanto quanto grandioso e atrativo. Recomendo! Para quem estiver curioso (como eu fiquei quando a descobri), eis um aperitivo aos gulosos literários:

Espero que gostem da novidade e, buona lettura!


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Cativa-me pela necessidade

Entrou naquele cubículo pouco iluminado e sentiu-se no paraíso. Fechou os olhos e tentou captar cada segundo por sua fragrância. Não conseguiu de todo. Haviam mais três mulheres naquele lugar, todas "matando" o tempo e buscando suas velhas e boas amigas, as revistas culinárias. Ela não. Apenas vivia o tempo em cada passagem suave de dedos pelas capas duras e surradas daqueles livros. Eram mágicos. Eis que a vendedora lhe quebra o encanto e pergunta: "Posso ajudar?". Não, não podia...Ela não queria "comprar", ela queria reviver cada uma das histórias que estavam ali. Tirar do pó e dar-lhes vida, existência através da leitura compassada e cheia de deleite. Ah, a vendedora não compreendia. Parecia até rir-se por dentro. Cada louco que aparece naquele sebo. Quando ela saiu, carregava um sacola com alguns gibis e quatro livros. Foi cativada, jamais cativou. O que era regra, contrariou-se. Aquelas páginas amareladas davam-lhe o sopro de vida que faria de sua semana algo um pouco mais aturável. Aquilo era um vício: tragava as estórias como quem tem abstinência de pessoas e sensações. E, quando iam-se acabando as páginas, derrubava-se sobre ela um nuvem espessa de tristeza e solidão. Sentia-se oca. Até a próxima visita àquele mundo caridoso em que nada nem ninguém poderiam alcançá-la. Assim raiavam os dias de uma compradora de sonhos.
domingo, 20 de maio de 2012

Poemas escolhidos de Gregório de Matos


Literatos, sinto muito por estar sem tempo para postagens e melhor elaboração de resenhas. No entanto, nada me impede de buscar blogs e sites de pesquisa sobre literatura em geral. Há algum tempo encontrei um blog (Mar de histórias: http://mardehistorias.wordpress.com/) muito interessante por sinal. Pois bem, unindo o útil ao agradável, resolvi postar aqui o link, contendo a resenha de Poemas escolhidos de Gregório de Matos e, para melhorar, o post deste blog contém um pouco sobre a história do nosso querido Boca Maldita
Espero ajudar e, mais uma vez, peço desculpas pela correria.

P.S.: Agradeço à querida Andreia Santana por me autorizar a utilizar o link aqui no blog :)
quinta-feira, 17 de maio de 2012

Disfarces de uma pessimista

Quando a boneca de pano toma forma, o mundo se assusta. Assusta-se pois uma falta de delicadeza assim, tão enorme, é demodê. Porque ser duro com o mundo é ser gigante aos indivíduos. Tudo balela. A boneca não sofre dores, não chora de saudade ou desilusão. Não. A boneca vive sorrindo, com seus babados a agradar os milhões de pares de olhos que a cercam. Ela não muda por medo de se mostrar, medo de sair do armário e gritar aos mil cantos o quanto viveu de olhos. Assim é o que se faz perceber. Ver o mundo como ele é, e só. Não é pessimismo, devaneio ou pura grosseria. A realidade deve ser bebida em longos goles, demorados e mornos, de acordo com o humor. Eu brindo a uma realidade que não será mais confundida com ignorância, mas com a sabedoria da dúvida. Uma verdade bendita, que emudece os corações moles e dá forças aos mais racionais. Pessoas, compreendam de uma vez por todas: viver não é só achar partes doces de um sonho ou destruí-los com base em desilusão. Viver é, na maior parte do tempo, experimentar as centenas de sensações que nos são dadas. É olhar nos olhos e dizer a verdade, mesmo que ela seja dura ou apenas ideológica. Sim, todos mentimos também. Sim, temos dias de bom e mau humor. Esse vai e vem de partículas de solidão forma o que conhecemos por momento. Enquanto eu puder sorrir, pular, chorar, gritar, demonstrar minhas teorias mirabolantes e ler meus livros velhos...Bem, eu serei tão feliz quanto pinto no lixo. Mas, quando me dizem que minhas palavras demonstram dureza e pessimismo...Ah! Nó na garganta, isso é certo. Não me importo da dissonância entre nossos tons. Sou dura, sim. Pessimista, posso até ser. Mas, tenho certeza de uma coisa: isso faz de mim a pessoa que muitos conhecem e gostam (ou fingem gostar). E, por decência à minha personalidade um tanto quanto louca, não mudo. Não agora, não tem porquê. Me amem ou me odeiem. Eu sou assim e ponto final (ou quem sabe umas belas reticências para provar meu senso de otimismo inconsciente)...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Anjo Negro


 Escrita em 1964, a obra Anjo Negro caracteriza-se pelo apogeu do escritor Nelson Rodrigues na área de literatura teatral brasileira. O autor teve por objetivo demonstrar o racismo da época, deixando claro a relação entre negros no teatro, sendo restritos a comédias e pouca valorização como atores. O trunfo de Nelson encontra-se em modificar a questão preconceituosa provando que, feliz ou infelizmente, há preconceito entre indivíduos de mesma raça, bem como o oposto. Também nota-se a questão política pela qual o Brasil passava (crise vindoura do governo Vargas e Golpe Militar em 1964, modificando completamente a forma de governo). Quando lançada ao público, a peça Anjo Negro foi censurada e liberada apenas em 1966.
 O enredo discorre num espaço pequeno, contando apenas com a casa dos personagens e seu quintal. Se desenvolve no decorrer de 15 anos, tendo altos e baixos de acordo com surgimento de conflitos entre os personagens principais, que são:
  • Ismael: médico negro, inescrupuloso e violento. Ismael tem extremo repúdio de pessoas negras e amor a cor branca. Cega seu irmão (branco) e sua "filha", sendo que no segundo caso mente à menina para enganá-la, dizendo-se o único branco na terra e homem puro de corpo e alma. Suas reações são brutais, nota-se pelo isolamento de sua esposa, Virgínia.
  • Virgínia: esposa de Ismael. É branca e é violentada pelo marido. No início da trama, conta-se que a personagem sente desejo pelo noivo de sua prima e se deixa possuir. Sua prima, ao descobrir o caso entre os dois, se enforca. A tia de Virgínia se vinga da sobrinha planejando o estupro da mesma por Ismael. A principal característica desta personagem é a capacidade de usar de sexualidade para se livrar (ou se prevenir) das violências do marido. Tal característica a salva no fim da trama.
  • Elias: irmão de criação de Ismael. É branco e traiu o irmão com Virgínia, engravidando-a de Ana Maria, menina também branca e que, assim como o pai legítimo, é cegada por Ismael.
  • Ana Maria: filha do caso extraconjugal de Virgínia e Elias, Ana é inexpressiva e só aparece realmente no terceiro ato da obra. É abusada sexualmente e enganada pelo pai de criação, Ismael.
  • Tia de Virgínia: mulher violenta e vingativa. Tem extremo ciúme e mania protetora pelas filhas que lhe sobraram (após a morte de sua filha que estava noiva), que são chamadas por ela de "velhas e encalhadas".
 A astúcia utilizada por Nelson Rodrigues provou sua capacidade como escritor fiel aos fatos cotidianos e ignorados, tendo como método chocar o leitor, demonstrando através de seus personagens extremistas e problemáticos o que poucos autores tiveram coragem de mostrar na época: a realidade.


Para complementar a resenha, disponibilizo aqui no blog a análise feita no canal da Gazeta do Povo. Não consta o nome do professor responsável pela mesma, peço desculpas aos leitores.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Ode ao Livro

"Um cheiro: de páginas.
Tanto faz se velhas ou novas;
Brancas ou amareladas
Mas sempre o mesmo vício.

O método: as palavras.
Métrica, versos soltos,
Não importa...
Mas sempre a história.


Uma sensação: o toque.
O leve roçar de dedos pelas capas aleatórias
Ou vontade de pousar sob um dos mistérios...
Mas sempre o contato.


Então, um mundo...
Pois um só mundo nunca trouxe!!
Deu-lhes o deleite das mil maravilhas
E dos dragões, e dos castelos, e dos amores, e das mortes...

Por fim, apesar de desvendado o segredo da felicidade,
Contou-lhes mais histórias...
Criou gula em mentes enferrujadas
Mostrou a felicidade solitária.

Dessa solidão, por si efêmera e doce,
Surgiram os Quixotes, as Cecílias, as Clarices...
Quando preferia-se o vil metal
Ainda pensavam os Drummond's, os Pessoas, os Nerudas...

E, assim, nosso mundo gira
Nosso, não! Dos outros...
Daqueles que enchem seus bolsos de dinheiro, do nosso suor!
Dos que idolatram a tela brilhante como índios quinhentistas.

Pois o "nosso" mundo é plural,
Sem semântica...Um pouco mais de paixão!
Nele existem bicicletas voadoras, pensadores suicidas e Casmurros amantes...
Há vida!

Encerro com as mais sinceras desculpas.
Por qualquer arrependimento ou abandono!
Ah, caro Livro...
Perdoe-lhes a rotina e a própria indulgência.

Mal sabem eles que não haverá mudança
Sem que exista cultura.
Ou sabem...
E preferem a escuridão da certeza cega."

Em homenagem ao Dia Mundial do Livro, eis uma história belíssima aos amantes de páginas:

terça-feira, 17 de abril de 2012

Quando um oceano não me basta

  
"Um dia, em uma cidade na beira do mundo, a maré saiu e nunca mais voltou. O mar sumiu sem aviso prévio. A princípio as pessoas ficaram pouco mais do que intrigadas. Eles continuaram a fofocar e lutar pelas mesmas velhas coisas. Mas logo um silêncio começou a permear o município. Um deserto de magnitude inacreditável estava se formando diante de seus olhos. 
  Semanas se passaram e ainda não havia sinal do oceano. As pessoas ficaram preocupadas. Foi decidido enviar um pequeno grupo para procurá-lo na esperança de trazê-lo de volta. 
  À medida que os dias passavam, mais e mais pessoas procuravam. As pessoas pesquisavam o mais longe possível, mas o mar tinha desaparecido sem deixar vestígios. A terra tranquila e outrora generosa tornou-se dura e inflexível. Em seguida, uma forma apareceu no horizonte. Através de uma explosão de assombro, o povo viu o que parecia ser água caindo e rolando em direção a eles. Uma onda de excitação atravessou a cidade, que observava ansiosamente o retorno do oceano. Mas à medida que se aproximava, esta forma tranformava-se. O que parecia água caindo era de fato cavalos selvagens. Em todos os lugares em que eles olhavam, viam cavalos cada vez mais perto. A excitação voltou-se para o medo. E o medo se tornou pânico, pois parecia que nada poderia parar o seu avanço. Que, como o desaparecimento do oceano veio sem aviso. Mas então ninguém, nem mesmo por um momento, tinha parado para questionar por que o oceano deixou-lhes, em primeiro lugar. 
  As pessoas não tinham escolha a não ser confiarem que os cavalos iriam levá-los ao seu oceano. Sem rédeas ou selas, eles montaram os cavalos em toda a terra estéril. Mas o oceano tinha desaparecido para sempre. E o povo não teve escolha senão se enfrentar a solidão de sua perda. Eles fizeram uma casa para eles em um novo ambiente. Apesar de que seu mundo particular havia mudado para sempre. Eles aprenderam a viver no espaço que oceano havia deixado. Embora a ideia do mar continuasse a pairar sob seus sonhos, eternamente."

Conto extraído do filme "Um refúgio no passado", por Celia Steimer (personagem representada por Emily Barclay).
terça-feira, 27 de março de 2012

Os dois ou o inglês maquinista

Comédia de um só ato, escrita em 1845, Os dois ou o Inglês maquinista carrega uma denúncia interessante quanto a sociedade da época: a relação entre escravos e seus senhores. "Mas, já não havia o policiamento por parte dos ingleses com relação ao tráfico negreiro?". Sim, havia. No entanto, assim como hoje, ocorriam as ilegalidades tão gerais e lucrativas. O autor da obra, Martins Pena, consegue demonstrar com muita facilidade a questão tão bem conhecida de uma sociedade onde a ilegalidade tornara-se rotina. 
A trama desenvolve-se a partir de uma dúvida: desposar Mariquinha, sendo que a brasileirinha possui três pretendentes (Gainer, Felício e Sr. Negreiro). Gainer é um inglês astuto, que tem ideias mirabolantes a respeito de desenvolvimentos econômicos, lucrando com seus engenhos em cima de pessoas ingênuas e cheias de esperança. Sr. Negreiro é negociante de escravos jovens (conhecidos como meias-caras), também tem por objetivo o dote da moça. Felício é primo de Mariquinha e o único que realmente quer casar por amor. A peça narra os conflitos criados por Felício entre os dois outros concorrentes. No entanto, Dn. Clemência, mãe de Mariquinha, tem certa $impatia pelo Sr. Negreiro. O desfecho da peça é extremamente cativante e inusitado: o marido de Dn. Clemência, que havia desaparecido durante 2 anos, retorna e descobre, através de Negreiro, que a "suposta" viúva havia convidado Gainer a desposá-la (fato verídico na trama). Alberto (marido de Clemência) também escuta, escondido com Negreiro sob as cortinas da sala, que Felício e Mariquinha se amavam e estavam impossibilitados de consolidar tal união. Revolta-se e assusta a todos com sua aparição. Contudo, acaba por perdoar Clemência e abençõa o casamento entre os jovens Felício e Mariquinha.
Apesar das características um pouco românticas, Martins Pena consegue expôr o problema com relação aos escravos de maneira clara e crítica, de forma que o leitor compreenda a denúncia sem a utilização de metáforas ou rebuscamentos. Uma obra clássica da literatura brasileira que, merecidamente, será cobrada no vestibular da UFPR!





domingo, 25 de março de 2012

Laranja Mecânica




Nome: Laranja Mecânica
Obra Literária: por Anthony Burgees (1962)
Filme: lançado em 1971
Direção: Stanley Kubrik
Personagens principais: Alex DeLarge, Sr. Alexander, Sra. Alexander, Dim, Lodger, Pete e Dr. Brodski.





A história discorre em um futuro incerto, na Inglaterra, tendo como personagem principal Alex DeLarge, líder de uma gangue ultraviolenta. Os integrantes do grupo, juntamente a Alex, são: Georgie, Tapado e Pete. Retrata-se no filme e na obra escrita a violência praticada por jovens, tendo como único objetivo o prazer em espancar, roubar e estuprar indivíduos desconhecidos. O que faz a obra causar certo estranhamento é a utilização do dialeto nadsat (termos eslavos de origem operária), que só adquirem sentido quando interpretados através do contexto. A denúncia feita na obra consiste no momento em que Alex é preso e selecionado para o Tratamento Ludovico, terapia experimental desenvolvido pelo governo com objetivo de deter a violência social. O tratamento é, principalmente, progressivo através de drogas e vídeos horrorshow (absurdamente violentos), onde o indivíduo a ser tratado é impossibilitado de fechar os olhos, sofrendo tortutas psicológicas e consequentes traumas, gerando uma relação de aversão física e mental a atos violentos. Como efeito secundário, Alex adquire dolorosas reações à 9ª sinfonia de Ludwig Van Beethoven, a qual lhe causava extremo deleite.  Após ser liberado do tratamento como "curado", Alex vaga pelas ruas de Londres (fora expulso da casa dos pais). Acaba encontrando dois ex-integrantes da gangue, que agora eram policiais. Foi espancado violentamente e quase afogado. Após mais uma tortura, Alex caminha pelo bosque a procura de socorro, encontrando uma casa já conhecida (havia, no passado, invadido a residência, estuprado uma mulher e espancado seu marido até deixá-lo paraplégico). No entanto, o homem recebeu-o sem reconhecê-lo e deu-lhe auxílio. Alex, enquanto toma banho, começa a cantar a 9ª Sinfonia, causando espanto e reconhecimento por parte do homem vilentado. Com objetivos políticos e de vingança, droga Alex e o prende no quarto, tocando uma versão remixada da sinfonia de Beethoven. Alex não aguenta tal tortuta e tenta cometer suicídio se jogando da única janela do cubículo. DeLarge sobrevive e, após um longo tempo de tratamento no hospital, é dado como recuperado de sua personalidade e livre da terapia Ludovico. Finalmente era o antigo Alex DeLarge, jovem ultraviolento e sem pudor.


sábado, 10 de março de 2012

Romanceiro da Inconfidência

Coletânea de poemas de Cecília Meireles, o Romanceiro da Inconfidência evoca os tempos da Inconfidência Mineira (1789). Cecília explora acontecimentos e mostra, de maneira límpida, as personagens reais que participaram da guerra contra a exploração de recursos minerais de Minas Gerais. Em seus "romances", a autora cita os heróis que se eternizaram na mente do brasileiro: Tiradentes, Tomás Antônio Gonzaga e sua amada noiva, Marília de Dirceu bem como outras figuras históricas presentes na época (como D. Maria, a louca). Quanto às características formais, o Romanceiro recebe uma composição onde os versos não estão sujeitos a uma estrofação regular (estíquica), surgida por volta do século XIV. A nova interpretação da obra adquiriu um sentido filosófico e metafísico, analisando a condição humana na época. Desta forma, surge um Tiradentes semelhante a Cristo, sofrendo como bode expiatório e tornando-se um redentor do Brasil, revelando um sentimento mais patriótico com relação às riquezas do país e dando incentivo aos movimentos de reforma libertária. "Construindo com o Romanceiro da inconfidência um mosaico em que cristalizariam vibrações captadas na terceira margem da memória coletiva, Cecília consolidava uma teia de mitos suscetíveis de fortalecer o sentimento da identidade brasileira"(Uteza, 2006 : p. 294).

Fontes de pesquisa:
P.S: Peço desculpas por ter alterado a ordem de postagem sobre as obras da UFPR, no entanto, devo comunicar que ocorreu uma substituição na lista da mesma: a peça Novas Diretrizes em Tempos de Paz foi trocada pela obra Os dois ou inglês maquinista (também peça). Disponibilizo o link onde pode-se obter a obra através de download: http://www.dominiopublico.gov.br

Felicidade Clandestina - Clarice Lispector

  Publicado pela primeira vez no ano de 1917, Felicidade Clandestina é um obra de Clarice Lispector. Assim como em Urupês, o livro é composto por contos. São expostas histórias envolventes e de cunho psicológico, aproximando as ideias de velhice, juventude, descobrimento e beleza existencial. Cada conto exprime um sentimento vivido pela autora no decorrer de sua vida. Felicidade Clandestina é a junção de pequenas histórias que, até então, estavam dispersas em jornais e revistas nas quais Clarice publicara-as. Obra simples de se compreender no âmbito descritivo, característica marcante da autora: comunicar-se de maneira clara com seus leitores, de forma que o conteúdo seja exposto livremente, sem rebuscamentos. Ao ler a obra, nota-se que não se faz necessária uma estrutura sequenciada, oferecendo ao leitor uma viagem que ultrapassa as barreiras cronológicas e históricas, baseando-se apenas na rotina dos vários personagens, o que pode gerar certa coincidência com a vida de quem se atém à obra. Eis os contos:

  • Felicidade clandestina
  • Uma amizade sincera
  • Miopia progressiva
  • Restos do carnaval
  • O grande passeio
  • Come, meu filho
  • Perdoando Deus
  • Tentação
  • O ovo e a galinha
  • Cem anos de perdão
  • A legião estrangeira
  • Os obedientes
  • A repartição dos pães
  • Uma esperança
  • Macacos
  • Os desastres de Sofia
  • A criada
  • A mensagem
  • Menino a bico de pena
  • Uma história de tanto amor
  • As águas do mundo
  • A quinta história
  • Encarnação involuntária
  • Duas histórias a meu modo
  • O primeiro beijo 
Segue aqui uma fonte interessante onde pode-se ler sobre os contos de Felicidade Clandestina:

P.S.: No ano de 1998 foi realizado um curta metragem, Clandestina Felicidade, baseado no conto da autora. Disponibilizo-o aqui no blog. Concordo que é um pouquinho longo, no entanto, vale a pena assistir para melhor compreender o intuito de Clarice com o primeiro conto desta obra magnífica.




sábado, 3 de março de 2012

Um salto. Um segundo. Uma descoberta.


Uma curta história judaica, com brilho e encanto...
"Era uma vez um pai que queria que seu filho perdesse o medo, se tornasse um menino cheio de coragem. Então, todos os dias colocava-o sob um pequeno morro e dizia: "Pula, que eu te seguro!". O garotinho sempre pulava. Quando o pai o agarrava, ele se sentia amado. Quando não, ele sentia outra coisa...Vida!"
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

São Bernardo

 S. Bernardo é o segundo romance de Graciliano Ramos, lançado em 1934. Considerada a mais importante obra de ficção do movimento modernista, envolve o regime fundiário e os conflitos sociais do Nordeste brasileiro, sem excluir a forte caracterização do sertanejo. Essa obra consolidou Graciliano Ramos como um dos maiores romancistas de toda história literária de nosso país. A linguagem despojada trás o cotidiano do sertanejo, criando uma trama fortemente regionalista.
 A história se passa no século 30, narrada por Paulo Honório (personagem de 50 anos). A obra é composta por lembranças sobre a própria vida do narrador, que permaneciam inexplicadas até a ideia de escrever um livro, tentando compreender os conflitos e seu passado assombroso.
 Paulo conta sua ascensão e  decadência, partindo da compra de São Bernardo (fazenda de Viçosa). A dificuldade do narrador em transcrever os fatos para palavras é óbvia conforme passa-se de capítulo a capítulo. O ato de escrever tranforma-se em algo necessário a ele, sempre lembrando através dos pios de corujas (fato estranho que acaba sendo compreendido no decorrer da trama). 
 O enredo trata de sua vida desde a fazenda até a separação da família, que ocorre após a morte de Madalena, sua esposa. A dificuldade de separar o passado do presente faz com que o leitor tenha certa atenção aos detalhes da obra, mesmo porque o narrador assume que não sabe diferenciar suas lembranças da atual solidão em que vive. Também ocorre a transformação do herói, que se descobre Fera propriamente dita. Enquanto Madalena vivia, Paulo nota que seus defeitos (ciúmes e brutalidade, principalmente) acabam destruindo o pouco de afeto que ela lhe dedicara. Com isso, começa a se perceber monstruoso: "Que mãos enormes! As palmas eram enormes, gretadas, duras como casco de cavalo. E os dedos eram também enormes, curtos e grossos. Acariciar uma fêmea com semelhantes mãos (...) estava medonho. Queimado. Que sobrancelhas!" (cap. 26).
 Enquanto que o romance se desenrola, há uma forte presença ideológica e política. Fazendo, assim, com que o leitor reflita sobre os conceitos de isenção e racionalidade. Se Paulo Honório, por trilhar caminhos individuais, foi punido, será possível que o homem como indivíduo possa fazer tal escolha sem um julgamento ou decadência vindos da sociedade? Eis o motivo pelo qual S. Bernardo pôde ser criticado como obra de cunho psicológico.
 
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Inocência

Inocência é um romance regionalista escrito por Visconde de Taunay, no ano de 1872. A obra retrata a vida na região sul-matrogrossense (sertão), mostrando o indivíduo como produto do meio social. Narra-se a história do suposto médico Cirino Campos, sua viagem e chegada na casa de Martinho Pereira, personagem sertanejo que mantém o tradicionalismo com relação à educação de sua filha, Inocência. A moça encontra-se doente, o que veio a calhar com a visita à cidade pelo jovem "doutor".  Inocência é dotada de extrema beleza e ingenuidade, dificultando os eforços de Cirino por não apaixonar-se. É invitável a força que os atrai, apesar do noivado e iminente casamento entre a jovem e Manecão (forte sertanejo que inspira medo em grande parte dos que o conhecem). Durante as várias narrações sobre o sertão e o hábito de Martinho em hospedar viajantes em sua fazenda, surge um interessante personagem: Dr. Guilherme Meyer, alemão que tenta encontrar o máximo de insetos possíveis para completar suas coleções de cientista naturalista. Em sua ignorância, Martinho sente-se privilegiado por abrigar dois homens "estudados". O conflito mostra-se no decorrer da obra, quando o sertanejo começa a ter desconfianças sobre os interesses de Meyer com relação a sua filha, fato que o impede de notar o verdadeiro romance que nascia, entre Cirino e Inocência. Os dias passam, Meyer caçando borboletas na floresta, Martinho indignado com seu hóspede, lamentando a ausência de Manecão, que poderia tomar uma atitude, Cirino curando e procurando Inocência.  Ao se perceber apaixonada pelo médico, a jovem não consegue mais controlar seu coração, apesar de vigiada e sem vontade própria. Em uma noite, encontram-se ao luar, vigiados pelo anão Tico (servo de Martinho). Resolvem que Cirino partiria em busca do padrinho de Inocência, o único que poderia ajudá-los a ficarem juntos. O doutor parte e Manecão volta para a cidade. Passam-se alguns dias de muito constrangimento por parte de Inocência; estranhamento de Manecão e ódio de Martinho pelas atitudes da filha, imaginando que sua mudança era atribuída a Meyer. Cirino encontra o padrinho da moça (Antônio Cesário) e conta-lhe sua história. Antônio promete pensar e diz que sua confirmação seria dada no dia seguinte, com sua presença na estrada. No mesmo dia Tico conta o romance dos jovens a Martinho e Manecão, que ficam estupefados e com sede de morte. Inocência assume ao pai seu amor e nega-se a casar com o forte sertanejo. O pai promete-lhe a morte de ambos. O fim do livro se dá com o assassinato de Cirino por Manecão e seu encontro, agonizante, por Antônio. Em suas últimas palavras Cirino pede-lhe que não deixe que o casamento de sua amada seja consumado e morre com um grito de dor, com a palavra mais doce que poderia brotar-lhe dos lábios: "Inocência!".

Urupês

  Urupês é uma obra de Monteiro Lobato, publicada no ano de 1918. O livro é composto por 14 contos diversos, mostrando histórias quotidianas em que o escritor utiliza de linguagem popular, o que dá certo brilho e melhor comunicação à obra. Quando Monteiro Lobato escreveu os vários contos seu objetivo era, em suma, criticar o modo de vida dos caboclos. Cada história tem, geralmente, um fim trágico e/ou inesperado. 
  Escrito na Era Modernista Brasileira, Urupês é o primeiro livro de Monteiro Lobato. O autor marcou a literatura nacional pois enquanto os escritores da época voltavam-se aos moldes europeus, ele corajosamente escrevia sobre a vida do pacato cidadão, da senhora dos retalhos, do engraçado arrependido ou  sobre as crueldades pelo preconceito.
  Um livro que pode lhe causar lágrimas, risos ou até mesmo revolta. Urupês é o típico ícone literário que não lhe passará em branco.

P.S.: Eis os 14 contos:

  • Os faroleiros
  • O engraçado arrependido
  • A colcha de retalhos
  • A vingança da peroba
  • Um suplício moderno
  • Meu conto de Maupassant
  • "Pollice Verso"
  • Bucólica
  • O mata-pau
  • Bocatorta
  • O comprador de fazendas
  • O estigma
  • Velha Praga
  • Urupês
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Eu sei, mas não devia


Verdades sejam ditas: a gente se acostuma. Se acostuma a não viver, a deixar pra amanhã, a cantar afinadinho e seguir o politicamente correto. Acostumamo-nos a uma falta de dinâmica tamanha, que aumenta medos e monstros de armário. A gente se molda ao sim e ao não, sem ver uma saída menos dolorosa...E, se ela existe, será nossa via de regra, sempre! A gente se acostuma ao normal, sem saber que tudo é excentrecidade. A vida é cheia de pequenos detalhes brilhantes, que formam momentos, que criam lembranças, que viram passado e recebem o nome de vida. A gente se a costuma a ignorar esses detalhes, logo, se acostuma a não viver.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lucíola, o anjo pecador.

Quinto romance de José de Alencar, Lucíola (1862) se passa em uma sociedade marcada pela burguesia, com um reflexo muito grande dos grupos Parisienses da época. A crítica feita pelo autor é agressiva em suas entrelinhas, onde o conceito a ser tratado é a aceitação de uma jovem mulher que teve o destino despedaçado ao virar cortesã (prostituta rica).
Os protagonistas da obra são Paulo e Lúcia. A história é narrada por Paulo, ao primeiro capítulo compreende-se que o livro é uma memória compartilhada com uma mulher, a qual ele chama de G.M. (pseudônimo de José de Alencar). A narrativa conta o romance vivido entre os protagonistas, cheio de conturbações, ciúmes e desejos. A atração entre ambos é incialmente carnal, no entanto, um amor puro nasce entre Paulo e Lúcia.
 O livro inicia-se com Paulo contando sua chegada de Olinda ao Rio de Janeiro, com 25 anos. Logo conhece Lúcia (jovem de 19 anos) e tenta conquistar-lhe com intenção de fazê-la mudar de vida. Ela se entrega a Paulo, mas conforme vai-se apaixonando pelo rapaz, nega-lhe o corpo. Com o tempo Lúcia apresenta desconfortos e doenças desconhecidas. No decorrer do romance são citadas as várias discussões e desculpas por parte de ambos. Com objetivo de aliviar a enfermidade, Lúcia muda-se para o interior com sua irmã mais nova (Ana, que vivera em um internato por muito tempo, as custas de Lúcia), mas não o faz sem antes contar a Paulo sua história e a causa pela qual  nega-lhe a voluptuosidade: confessa-lhe que seu verdadeiro nome é Maria da Glória e que aos 14 anos vendeu o corpo a um vizinho (Couto) para salvar os parentes quase mortos pela febre amarela de 1850. Apenas o pai sobreviveu e, após descobrir o modo pelo qual a filha conseguiu salvá-lo, expulsou-a de casa. Maria da Glória então foi viver com uma mulher que cuidava de jovens cortesãs (Jesuína) e desde então ganhou a vida dessa forma. Enquanto vivera na casa de Jesuína, cohecera uma moça chamada Lúcia, que morrera pouco tempo depois (tornando-se sua única amiga e memória realmente feliz). Antes de passar um ano na Europa com um amante, mudou seu nome para Lúcia e fez com que seu pai soubesse de sua "morte", alcançando, assim, o perdão do único familiar que lhe restara. A causa pela qual Maria da Glória não mais aceitava saciar os desejos de Paulo era que precisava purificar a alma, enquanto seu corpo já não tinha mais salvação. A nova vida no interior trouxe a ambos um bom tempo de pureza e felicidade, até que ela torna a adoecer e falece. Estava grávida de Paulo e não quisera tomar o remédio que a faria expelir o feto já morto. Nessa evidente separação entre o físico e o espiritual há a concepção de amor típica do Romantismo. A redenção alcançada.

Precioso saber

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Uma pequena mudança aos leitores...


Olá, literatos! Esse post é bem curtinho e objetivo rs. Pois bem, quero avisá-los que a partir de hoje postarei resenhas dos livros da UFPR (2012/2013). Sim, vou prestar vestibular ao fim desse ano...Portanto, é uma maneira de fixar melhor o conteúdo e ajudar quem também estiver nesse martírio e correria de vestibulando. Continuarei a postar textos livres e crônicas, mesmo porque não consigo ficar sem escrever sobre essa loucura que é nossa vida de ser pensante. Asseguro-lhes que tais resenhas não serão feitas sem devida supervisão, ou seja, estarei sempre tirando dúvidas com meus queridos mestres de Literatura! É isso, pessoas. Eis a lista da UFPR, de acordo com a ordem que postarei aqui as resenhas.

  • Lucíola (José de Alencar)
  • Urupês (Monteiro Lobato)
  • Inocência (Visconde de Taunay)
  • São Bernardo (Graciliano Ramos)
  • Felicidade Clandestina (Clarice Lispector)
  • Novas diretrizes em tempos de paz (Bosco Brasil)
  • Anjo negro (Nelson Rodrigues)
  • Romanceiro da inconfidência (Cecília Meireles)
  • Poemas escolhidos (Gregório de Matos)

Qualquer dúvida, entrem em contato pelo meu email: lorenaisabelle@hotmail.com