sábado, 27 de agosto de 2011

Lágrimas de primavera


E quando faltar o dia ensolarado do teu sorriso, que se faça presente o calor de sua canção. Quando eu precisar de seu colo, que eu sinta seu amor no simples "Olá!". Se eu precisar de ti para secar minhas lágrimas ou segurar minhas mãos, que eu lembre de seu olhar. Mas quando você precisar de mim, saiba que meu amor é eterno e puro. Vai além de um sentimento carnal e cheio de ranhuras. Sentir este que te liberta da dor do passado ou do peso das decisões do presente. Te deixo livre para sonhar tua realidade, sem palavras limitadoras. Não uso de conselhos escritos em letras formais, uso meu olhar quando possível ou meu silêncio em meio as lágrimas distantes. Tento me expressar na minha própria confusão, sabendo que só esse meu amor, que sinto por tão poucas pessoas, será capaz de salvar o mundo. Ao menos o meu, naqueles dias nublados de corpo e alma.
quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vida e Morte

Disseram que ela dormia quando o temporal chegou. Um vagalhão pegou-a de surpresa, não teve tempo nem de gritar socorro. Ainda não acharam o corpo. Otávio, o marido, voltava para casa após um longo dia de trabalho. Ele era engenheiro e estava organizando a planta de um prédio no litoral de Santa Catarina. A casa em que vivia com sua mulher era alugada e ficava a alguns metros da praia.
Helena, sua esposa, gostava muito de passar as tardes no mar e dormir ao sol, deitada na areia molhada. Quando se arpoximava o anoitecer, voltava para a casa arrumadinha e singela, onde debruçava-se sob a soleira da janela, pintada de marrom claro, e ficava a esperar o marido. Via-o de longe e sorria para si. Já faziam 4 anos de casados e seus corações continuavam enamorados.
Nesta noite Otávio estava ansioso para chegar em casa. Ficou preso em um engarrafamento no centro da cidade. Sempre chegava em casa pelas 6 da noite, porém, com os problemas no serviço e o engarrafamento, chegaria às 8 . Mas sua animação não passara por culpa de meros atrapalhos. Havia preparado uma surpresa para Helena: iriam comprar a casinha onde moravam. Era tudo o que ela queria e ambos estariam mais tranquilos quanto a muitas coisas. No entanto, aquele dia reservava uma grande mudança na vida do nosso herói.
Otávio estava chegando em casa quando avistou o corpo de bombeiros na areia e algumas pessoas assustadas. Falavam alto e desordenadamente, logo ele avistou um grande morro, que deduzira serem escombros. Seu coração apertou e suas pernas bambearam. Não soube como chegou até o bombeiro mais próximo, mas perguntou, com um nó na garganta, o que acontecera.
-- Houve um temporal a quase duas horas. Foi bem violento, as ondas agitaram-se tanto que, junto com a violência da chuva, derrubaram uma casa. Uma moça de aproximadamente 26 anos foi vista sendo levada pela correnteza. Não conseguimos chegar a tempo de salvá-la e seu corpo perdeu-se no mar.
-- Mas vocês já sabem o nome de tal mulher, não é mesmo?! - disse Otávio, que já não conseguia segurar o choro doloroso. Ele sabia a resposta, mas segurava-se em um fio de esperança que lhe salvaria daquele pesadelo.
-- Bem, soubemos que ela morava na casa que foi destruída e que nesta tarde estava mal disposta, uma senhora, que assistiu ao acidente, disse que a conhecia bem e que conversaram pela manhã. Essa moça, que se chamava Helena, contou a esta senhora que não estava se sentindo bem e que iria tomar alguns remédios para dormir. Deitou-se na varanda e dormiu ao som da chuva. É bem provável que quando a casa ruiu ela tentou se salvar, mas a violência do temporal a calou.
Otávio jamais se esqueceria das palavras daquele bombeiro ou das pessoas que o vieram ajudar quando ele quase desmaiou pelo choque que levara. Nada mais fazia sentido. Ele caiu numa dor profunda e torturante. Não conseguia responder direito aos que lhe falavam. Não raciocinava. Só conseguia olhar para as ondas. que o faziam lembrar-se de cada momento feliz que vivera, mas agora não existiriam mais. Naquele momento ele estava sendo engolido vivo pelo buraco que acabava de se formar em seu coração, buraco chamado morte.
sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Ideal particular

Observo. Sim, parece fácil e tediante. Mas eu observo. Sei que meu mundo é feito de possibilidades e minha estrada de marcas. De minha vida, já não sei. Simplesmente me deixo viver. E vejo. Vejo os ingredientes de minhas tramas sentimentais serem-me entregues sem a mínima percepção. Um sorriso aqui... uma lágrima ali... um abraço acolá. Eu observo. Eu vejo. Eu sinto. E me deixo viver. E por ver tanto e sentir mais ainda, é que conheço as pessoas. Nesse meu caminho tortuoso encontro pessoas de todos os gêneros. Doces e amargas. Sorridentes e reclamonas. De quintas e segundas-feiras. Elas me cativam por serem diferentes. Conquistam meus olhos com suas excentricidades. Com suas palavras bondosas ou duras quando preciso for. Afinal de contas, ninguém é autosuficiente o bastante para viver sozinho. Vejo pessoas mudando personalidade por culpa de hipocrisia social. Vejo e entristeço. Acredito que a essência é valiosa o bastante para não se perder, apenas moldar, se necessário for. Não há o que compre ou que compare-se ao prazer de ver autenticidade nas palavras, na canção, nos gestos, nos olhos. Seja você, independentemente do que há ao seu redor. E, dessa forma, faça meu segundo de devaneio parecer uma eternidade. Faça-o valer a pena, e eu lhe agradecerei pelo resto de minha existência.
segunda-feira, 25 de julho de 2011

Se faltam as palavras, o sorriso!

Ontem parei para refletir se alguém, assim como eu, já pensou na morte de uma pessoa pouco conhecida mas muito querida. Acredito que muitos já. Mas o fato é que depois de um telefonema recebido lá pelo anoitecer de um dia qualquer, eu parei para pensar. Meu peito doeu fundo. Não era sobre morte que a pessoa do outro lado da linha falava, mas sobre a doença e a dor enfrentada por duas pessoas queridas por mim e minha família. Meus tios.
Um dia após esse dia qualquer (que não foi nem de longe insignificante) viajei rumo a casa deles. Ao chegar lá, encontrei minha tia bem debilitada, mas usando de todas as forças para ajudar meu tio, que não conseguia sair da cama. Entrei no quarto com um sorrisinho meio bobo dançando nos lábios. Fui até o lado de sua cama e disse, baixinho: "Tio, lembra do violão? Então, trouxe para o senhor ouvir o que já aprendi!". Ele de imediato abriu um sorriso bonito e pediu ajuda para sentar , o que não fazia desde que saiu do hospital. Ajudamos ele a se sentar e me arrumei na cadeira para tocar "uns acordes". Meu objetivo era distraí-lo e mostrar que segui o rumo no qual ele mesmo me inspirou. Eu cantei a plenos pulmões e não percebi que ele havia fechado os olhos para melhor me ouvir. Quando estava para terminar a canção eu o olhei e senti me inundar algo que jamais havia conhecido antes: alegria pura e simples.
Para aquele momento eu não tenho uma só palavrinha que seja. Eu me aproveitei da alegria dele. E sei que jamais esquecerei aquele momento.
A tarde foi repleta de minhas canções de iniciante no violão, mas a voz me ajudou, confesso. Eu sorria de todo, assim como meu tio. Ele, assim como todas as vezes que o visitamos, tornou a me contar a sua história com minha tia. Cheia de peripécias e muito amor. Aquele amor verdadeiro e puro, que quando mesmo após 60 anos de casados, ainda assim olham-se com ternura. Onde aquele rapaz transparesse no olhar de homem senil, mas de boa memória. Ele finalizou a história olhando para minha tia, que estava na porta do quarto, e sorri alegremente. Torna a me olhar e diz: "Ela foi a melhor coisa que já me aconteceu. Eu a amo e agradeço todas as noites a Deus por ter me permitido uma vida ao lado dela". Sei que jamais conseguirei imaginar um sem o outro, pois se completam de todo. Esse sim, é o amor verdadeiro. Que ultrapassa os limites da razão humana. Esse sentimento é sentido por todos ao redor. Sentimento que talvez minha juventude não seja capaz de conhecer. Mas a história de ambos ficará para um outro "dia qualquer, mas de importância", mesmo porque, hoje, eu queria contar meu cotidiano. A felicidade que compartilhei com uma pessoa que agora me é bem conhecida, e extremamente amada. Meu tio, por partilhar aquele sorriso com uma pobre descrente, que agora crê, ao menos nos sorrisos de olhos fechados.
sexta-feira, 22 de julho de 2011

Depois de um tempo...

Confesso que me afastei de inúmeras situações e fatos durante os últimos meses. Mas o bom foi descobrir que o ser comum necessita de um momento a sós para organizar os pensamentos. Pois bem, minha confusão de ser pensante continua a mesma. E não quero me livrar dela por um bom tempo. Sei que não vou achar todas as respostas ou chegar a ver todas as portas abertas em meu caminho. Mas se tem uma coisa que aprendi durante essa reclusão e dormência de espírito foi que apesar dos pesares e de meus questionamentos, jamais conseguirei mudar o mundo. Logo, mudei a mim mesma. E asseguro aos que me conhecem que continuo a mesma maluca de sempre, só que agora encontrei meus argumentos e organizei meus pensamentos. Bem, aos que não me conhecem só tenho uma coisa a dizer: a vida é boa demais para passarmos por ela ser sorrir. Por mais obscuro e problemático que tudo possa parecer, aceite a verdade irrefutável de que tudo tem duas faces. Já dizia o sábio: "Há males que vêm para o bem".
sexta-feira, 18 de março de 2011

Juventude perdida

Quando eu era pequena meu dia predileto era o sábado.Pelos desenhos animados de manhã, voltas de bicicleta a tarde e exaustão de noite. Naquele tempo as crianças adoravam brincar de casinha e inventar mundos perdidos e malucos. Antes ninguém chorava porque tinham levado seu iPhone ou gritava por não poder usar o computador no dia de natal. Na minha infância eu acreditava que os jovens de 17 e 18 anos eram responsáveis e extremamente inteligentes, eram um exemplo.Meu futuro.
Hoje penso no quão inocente eu era.Vejo todas minhas crenças serem derrubadas e meus meios de divertimento virarem coisa antiga.Atualmente é normal um adolescente escrever uma biografia ( sendo que só viveu 15 anos); filmes de qualidade serem trocados por "avatares"; livros serem deixados de lado para qualquer outra novidade "da hora"; consumismo virar rotina e algo tão natural quanto respirar.
Se me perguntarem o que quero do futuro, respondo em uma frase: quero meu passado de volta! Quero as crianças sonhando em ser super heróis e não vampiros; quero a televisão apenas para assuntos saudáveis e desenhos animados sem guerras ou armas;quero que continue existindo a igualdade entre os sexos, mas também o bom e velho respeito; quero a vontade de mudar e adquirir conhecimento; e quero, acima de tudo, que a sociedade volte a sentir o verdadeiro sabor da vida.
Mas é como já disse: eu era inocente.E, feliz ou infelizmente, isso faz com que eu ainda tenha esperanças de um mundo melhor e sinta necessidade de fazer a diferença, mesmo que ela seja ínfima.Por aquela garota.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Destino meu...

Levantar.Esticar.Sorrir.Lembrar.
Pijama.Cama.Sono.Responsabilidades.

Banho.Uniforme.Café.Pasta de dentes.
Perfume.Mala.Carro.Colégio.Despedidas.
Abraços.Amigos.Vozes altas.
Sono.Aula.Matéria.Responsabilidades.
Conversa.Alegria.Pensamentos.
Discordâncias.Harmonia.Confusão.
Saudade.Amizade.Vontade de estar junto.Lembranças.Canção.
Inquietação.Atenção.Resposta?Nada.
Desespero.Avisos.Amiga.Emoção.Saudade.
Reencontro.Tempo voando.Abraço apertado.Fraternidade.Eternidade.
Despedida.Nó na garganta.
Amor.



Dedicado a Ingrid Stein.Uma certa wunderkind que mora em meu coração para todo o sempre!!Obrigada por tudo minha flor!!