terça-feira, 17 de abril de 2012

Quando um oceano não me basta

  
"Um dia, em uma cidade na beira do mundo, a maré saiu e nunca mais voltou. O mar sumiu sem aviso prévio. A princípio as pessoas ficaram pouco mais do que intrigadas. Eles continuaram a fofocar e lutar pelas mesmas velhas coisas. Mas logo um silêncio começou a permear o município. Um deserto de magnitude inacreditável estava se formando diante de seus olhos. 
  Semanas se passaram e ainda não havia sinal do oceano. As pessoas ficaram preocupadas. Foi decidido enviar um pequeno grupo para procurá-lo na esperança de trazê-lo de volta. 
  À medida que os dias passavam, mais e mais pessoas procuravam. As pessoas pesquisavam o mais longe possível, mas o mar tinha desaparecido sem deixar vestígios. A terra tranquila e outrora generosa tornou-se dura e inflexível. Em seguida, uma forma apareceu no horizonte. Através de uma explosão de assombro, o povo viu o que parecia ser água caindo e rolando em direção a eles. Uma onda de excitação atravessou a cidade, que observava ansiosamente o retorno do oceano. Mas à medida que se aproximava, esta forma tranformava-se. O que parecia água caindo era de fato cavalos selvagens. Em todos os lugares em que eles olhavam, viam cavalos cada vez mais perto. A excitação voltou-se para o medo. E o medo se tornou pânico, pois parecia que nada poderia parar o seu avanço. Que, como o desaparecimento do oceano veio sem aviso. Mas então ninguém, nem mesmo por um momento, tinha parado para questionar por que o oceano deixou-lhes, em primeiro lugar. 
  As pessoas não tinham escolha a não ser confiarem que os cavalos iriam levá-los ao seu oceano. Sem rédeas ou selas, eles montaram os cavalos em toda a terra estéril. Mas o oceano tinha desaparecido para sempre. E o povo não teve escolha senão se enfrentar a solidão de sua perda. Eles fizeram uma casa para eles em um novo ambiente. Apesar de que seu mundo particular havia mudado para sempre. Eles aprenderam a viver no espaço que oceano havia deixado. Embora a ideia do mar continuasse a pairar sob seus sonhos, eternamente."

Conto extraído do filme "Um refúgio no passado", por Celia Steimer (personagem representada por Emily Barclay).

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