segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Lucíola, o anjo pecador.

Quinto romance de José de Alencar, Lucíola (1862) se passa em uma sociedade marcada pela burguesia, com um reflexo muito grande dos grupos Parisienses da época. A crítica feita pelo autor é agressiva em suas entrelinhas, onde o conceito a ser tratado é a aceitação de uma jovem mulher que teve o destino despedaçado ao virar cortesã (prostituta rica).
Os protagonistas da obra são Paulo e Lúcia. A história é narrada por Paulo, ao primeiro capítulo compreende-se que o livro é uma memória compartilhada com uma mulher, a qual ele chama de G.M. (pseudônimo de José de Alencar). A narrativa conta o romance vivido entre os protagonistas, cheio de conturbações, ciúmes e desejos. A atração entre ambos é incialmente carnal, no entanto, um amor puro nasce entre Paulo e Lúcia.
 O livro inicia-se com Paulo contando sua chegada de Olinda ao Rio de Janeiro, com 25 anos. Logo conhece Lúcia (jovem de 19 anos) e tenta conquistar-lhe com intenção de fazê-la mudar de vida. Ela se entrega a Paulo, mas conforme vai-se apaixonando pelo rapaz, nega-lhe o corpo. Com o tempo Lúcia apresenta desconfortos e doenças desconhecidas. No decorrer do romance são citadas as várias discussões e desculpas por parte de ambos. Com objetivo de aliviar a enfermidade, Lúcia muda-se para o interior com sua irmã mais nova (Ana, que vivera em um internato por muito tempo, as custas de Lúcia), mas não o faz sem antes contar a Paulo sua história e a causa pela qual  nega-lhe a voluptuosidade: confessa-lhe que seu verdadeiro nome é Maria da Glória e que aos 14 anos vendeu o corpo a um vizinho (Couto) para salvar os parentes quase mortos pela febre amarela de 1850. Apenas o pai sobreviveu e, após descobrir o modo pelo qual a filha conseguiu salvá-lo, expulsou-a de casa. Maria da Glória então foi viver com uma mulher que cuidava de jovens cortesãs (Jesuína) e desde então ganhou a vida dessa forma. Enquanto vivera na casa de Jesuína, cohecera uma moça chamada Lúcia, que morrera pouco tempo depois (tornando-se sua única amiga e memória realmente feliz). Antes de passar um ano na Europa com um amante, mudou seu nome para Lúcia e fez com que seu pai soubesse de sua "morte", alcançando, assim, o perdão do único familiar que lhe restara. A causa pela qual Maria da Glória não mais aceitava saciar os desejos de Paulo era que precisava purificar a alma, enquanto seu corpo já não tinha mais salvação. A nova vida no interior trouxe a ambos um bom tempo de pureza e felicidade, até que ela torna a adoecer e falece. Estava grávida de Paulo e não quisera tomar o remédio que a faria expelir o feto já morto. Nessa evidente separação entre o físico e o espiritual há a concepção de amor típica do Romantismo. A redenção alcançada.

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