sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Inocência

Inocência é um romance regionalista escrito por Visconde de Taunay, no ano de 1872. A obra retrata a vida na região sul-matrogrossense (sertão), mostrando o indivíduo como produto do meio social. Narra-se a história do suposto médico Cirino Campos, sua viagem e chegada na casa de Martinho Pereira, personagem sertanejo que mantém o tradicionalismo com relação à educação de sua filha, Inocência. A moça encontra-se doente, o que veio a calhar com a visita à cidade pelo jovem "doutor".  Inocência é dotada de extrema beleza e ingenuidade, dificultando os eforços de Cirino por não apaixonar-se. É invitável a força que os atrai, apesar do noivado e iminente casamento entre a jovem e Manecão (forte sertanejo que inspira medo em grande parte dos que o conhecem). Durante as várias narrações sobre o sertão e o hábito de Martinho em hospedar viajantes em sua fazenda, surge um interessante personagem: Dr. Guilherme Meyer, alemão que tenta encontrar o máximo de insetos possíveis para completar suas coleções de cientista naturalista. Em sua ignorância, Martinho sente-se privilegiado por abrigar dois homens "estudados". O conflito mostra-se no decorrer da obra, quando o sertanejo começa a ter desconfianças sobre os interesses de Meyer com relação a sua filha, fato que o impede de notar o verdadeiro romance que nascia, entre Cirino e Inocência. Os dias passam, Meyer caçando borboletas na floresta, Martinho indignado com seu hóspede, lamentando a ausência de Manecão, que poderia tomar uma atitude, Cirino curando e procurando Inocência.  Ao se perceber apaixonada pelo médico, a jovem não consegue mais controlar seu coração, apesar de vigiada e sem vontade própria. Em uma noite, encontram-se ao luar, vigiados pelo anão Tico (servo de Martinho). Resolvem que Cirino partiria em busca do padrinho de Inocência, o único que poderia ajudá-los a ficarem juntos. O doutor parte e Manecão volta para a cidade. Passam-se alguns dias de muito constrangimento por parte de Inocência; estranhamento de Manecão e ódio de Martinho pelas atitudes da filha, imaginando que sua mudança era atribuída a Meyer. Cirino encontra o padrinho da moça (Antônio Cesário) e conta-lhe sua história. Antônio promete pensar e diz que sua confirmação seria dada no dia seguinte, com sua presença na estrada. No mesmo dia Tico conta o romance dos jovens a Martinho e Manecão, que ficam estupefados e com sede de morte. Inocência assume ao pai seu amor e nega-se a casar com o forte sertanejo. O pai promete-lhe a morte de ambos. O fim do livro se dá com o assassinato de Cirino por Manecão e seu encontro, agonizante, por Antônio. Em suas últimas palavras Cirino pede-lhe que não deixe que o casamento de sua amada seja consumado e morre com um grito de dor, com a palavra mais doce que poderia brotar-lhe dos lábios: "Inocência!".

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