terça-feira, 25 de outubro de 2011

D'attente à la fenêtre

Espero.
Espero o dia em que as nuvens serão apreciadas como devem
Algodões que nos avisam um sol futuro
Aguardo o momento em que o sorriso ultrapassará palavras ríspidas
E a ironia será diferente de sarcasmo
Vou esperar o tempo em que me será fácil apreciar um abraço sincero
Uma flor, um espinho,
O calor do carinho...
Aguardo os versos soltos e entupidos de veracidade
Sem rodeios. Discurso direto. Sem preposição.
À moda gramatical.
Com o som de um simples sujeito: Eu.
Que grita e surra diariamente.
Me provoca de dentro, causando tremor
E me mantém viva.
Não. Não vou depender da ideia de ninguém
Não confio o bastante para meu eu virar nós
Que só serve pra enrolar, torcer e marcar.
Cuido de mim de maneira limpa
Não minto nas palavras ou na voz cancioneira
Aprendi que pra dor ou por ela não se mente
E quando o fazemos, prorrogamos
Não tem valia. Devemos concordar.
Mas então, já te contei que eu espero?
sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Poema das Onze e meia


"Vozes bailam em minha mente
Dançam a valsa do amanhecer
O bolero da tarde
E embalam um ninar junto à lua.
Quando o sorriso me brota
Ouço sons afinados de alegria
Se a lágrima cai
Sinto o burburinho do alento
E ao ouvir outras vozes, elas respondem:
- "Gosto tanto, tanto quanto, como quando..."
Calam as vozes.
Algumas vezes sinto que me faltam
Outras me deixam livre demais
Em outros momentos são abafadas
Pelo choro mudo, pelas cordas vocais
Pelo som da gargalhada.
Mas nem sempre as ouço
Porque, apesar dos pesares
Existem vozes que me gritam de fora:
-"Amo tanto, tanto quanto, sem ter quando..."
São vozes familiares aos ouvidos
Doces do coração
Amigas d'alma
Sim. Vozes bailam em minha mente
Dançam a valsa do amanhecer
O bolero da tarde
Embalam o sonhar das onze e meia
E eu durmo de embriaguez...
SO....NO....LEN...TA!"
quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Palavra vã, loucura sã.


Já escrevi tanto. As palavras estão se gastando. Os sinônimos faltam. Os olhares se derretem por hora. E eu sempre querendo meu sossego. Meu acalanto, o meu bem. Não vou revolucionar sua cabeça. Não quero mudar a tua concepção de vida. Só espero que minhas palavras não passem em branco por você. Na verdade, nem sei mesmo se espero isso. Cada um com seu cada um. E eu com a minha confusão de cada dia. Eu vou sentir o máximo possível e para sempre. Não importa o que você me diga. Eu sou assim. Bicho estranho. Mas, pensando bem, estranhos são vocês. Sim, vocês. Me dizem coisas lindas sobre a vida, mas não me olham nos olhos. Seguram minhas mãos no frio, no verão não me dirigem a palavra. E quando eu, que vocês chamam de amiga, tento dizer o que penso dessa hipocrisia barata, escuto milhares de pedras caindo sobre minha cabeça. Mas vocês deixaram de ser hipócritas ao se acomodarem? Por acaso preferiram deixar o papel social de lado para descobrir o próximo? Não. Pelo contrário, viraram bonecos tortos que se vendem sem qualquer argumento. Eu vou viver minha confusão, e você tente sair do marasmo sozinho. Ou então me deixe sentir a vida, sem sua ignorância rondando meu teto de vidro.
terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dúvida saborosa

"Não tenho o dom das frases feitas" já dizia uma cantora brasileira. Partilho do sentido desta frase. Nem ao menos sei se tenho um dom. Tento alcançar o leitor com o pouco que me fica gasto nas palavras diárias. Sim, a realidade cansa. Não por ser tediante, mas pelo turbilhão de hipocrisia e desalento em cada olhar, cada gesto. Eu sou pobre de aventuras e sorrisos falsos. Mas posso lhe afirmar, caro amigo, sou eterna amante dos detalhes e análises. Creio na dúvida imortal e indubitável, pois sem ela não haveria a sede do novo, a descoberta. A curiosidade é fome de mudança, de conceito sentido e paupável. Sábio daquele que não abandona sua curiosidade e vive, eternamente, sendo chamado de criança louca. Tal indivíduo ganhará minha admiração por toda eternidade. Ao menos o que conheço dela.
domingo, 2 de outubro de 2011

O que será, será!

E talvez não precise ser sempre assim. Talvez minha alegria seja só passageira. As mudanças bruscas podem me tirar do precipício errante. Mas não posso dizer que não sinto. Porque dói fundo. Só lateja quando eu penso que vai tudo bem. Meu sorriso atrai as gotas de chuva, que até se parecem com lágrimas...E eu sei, que por mais forte que seja a correnteza, eu sempre tentarei justificar a existência e certeza dela. Dessa forma, tento nadar contra e quebro meus braços, explodo o sorriso e sinto partirem meu coração. Mas a minha força continua sempre em contrapartida. Porque ninguém será capaz de tirar de mim o pensamento lógico, o raciocínio, a razão. Quem sabe um dia eu viva a maré baixa e te convide a entrar na canoa. É, talvez.