segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Ciclos vitais

Era apenas uma garotinha. Presa num corpo de moça. Cantarolava em meio ao tédio rotineiro. Suas preciosidades se encontravam nos livros, pois era neles que se libertava. Vivia em sonhos, devaneios. Nunca colocando em prática. Mas essa garotinha acordou. Como que em um abrir de olhos. Ela já não calaria. Acatar já não faria parte de seu dicionário. Sua opinião passou a importar. Apercebeu-se que uma palavra deixava mais marcas que um tapa com rastro de vermelhidão. E cresceu. Deixou-se absorver pela beleza e fez dela seu ninho. Criou seu próprio mundo, que agora seria pura realidade. Aprendeu a falar de igual para igual, com respeito. Parou de fingir sorrisos. Voltou a dar gargalhadas com gosto e a derramar as lágrimas contidas. Ela sorriu pro mundo e se deixou saborear o momento. Tempo este que ela espera não mais cessar, apenas evoluir na medida do possível, sem tentar ser gente grande antes mesmo de se descobrir jovem. Porque não há maior verdade que a de sentir com a alma e tentar descobrir os valores desta. E aquela garotinha contida, que se modificou com o tempo e aprendeu com as pedras do caminho, hoje se tornou em uma pessoa cheia de manias e confusão. Mas ao errar, se permitiu viver. Sem delimitações. Agora, essa garota tem amigos verdadeiros e esqueceu a sensação de receio ao contar seus pensamentos enquanto conversam. Agora ela se deixa levar pelo bom o velho sorriso encantador e se permite apreciar o próximo. Hoje, essa garota sou eu. Pura e simplesmente.

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